Marinha Grande, Leiria

Artesanato

Tradição e modernidade caraterizam hoje o artesanato em vidro na Marinha Grande.
Do ponto de vista técnico, a utilização do maçarico para amolecer e modelar o vidro tem vindo a ser uma prática utilizada por artesãos há décadas na Marinha Grande, para a produção de vários objetos de cariz e expressão popular. Trata-se de uma técnica milenar, utilizada para a produção de contas de vidro, botões e peças que vão desde figuras antropomórficas e zoomórficas aos objetos de laboratório, e que progressivamente foi apropriada por operários vidreiros e incorporada em pequenas oficinas familiares, já que não implicavam avultados investimentos em tecnologia, nem significativos custos de produção, e podia ser praticada em pequenas áreas.
O vidro é um material sólido, inorgânico e inerte, geralmente transparente, que se obtém através da fusão de sílica e carbonato de sódio ou de potássio, entre outros componentes. A cor é obtida através da adição de óxidos metálicos à composição, que resultam numa paleta de cores rica e diversificada.As varetas ou tubos de vidro utilizados para produção de objetos ao maçarico são obtido através da estiragem de vidro em fusão, ou por sopro, respetivamente. É a partir das varetas ou tubos de vidro incolor ou colorido, opaco ou transparente, que os artesãos produzem os objetos, amolecendo-os ao maçarico, trabalhando-os à mão, com pequenas ferramentas ou através do sopro (no caso do tubo de vidro), dando-lhe forma, compondo o objeto e conferindo-lhe uma miríade de detalhes.Deste modo, o artesão cria com as suas próprias mãos vários objetos, normalmente figurativos, decorativos e utilitários, como contas de vidro, miniaturas de animais, representações de cariz religioso, ou pedras para peças de bijuteria, entre outros, nos quais o gosto e a criatividade do artesão se manifestam livremente.A par com a tradição da técnica do maçarico, surgem na Marinha Grande na década de 1990 oficinas que começam a produzir artesanato com técnicas contemporâneas, de entre as quais, através da termofusão de vidro. A base para o trabalho nestas técnicas é normalmente o vidro plano, mas também o vidro moído, o vidro estirado ou até mesmo outros objetos em vidro, que muitas vezes ganham uma segunda vida.Os objetos produzidos por esta técnica obtém-se através da fusão dos pedaços, grãos ou pós de vidro sobrepostos entre si, num forno, e a alta temperatura. A fusão poderá dar-se apenas por contacto, obtendo-se objetos em que são visíveis as formas individuais de todos os pedaços de vidro que os constituem, ou fusão completa, nos quais os vidros se fundem e se incorporam suavemente uns nos outros. O vidro pode ainda ser colocado em cima de moldes, e ao fundir, graças à gravidade, adquire a forma dos moldes.O artesão cria assim objetos que, quer do ponto de vista formal, quer do ponto de vista estético e pictórico, resultam da montagem prévia dos vários componentes, que posteriormente serão fundidos no forno.

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