Loulé, Faro
Procissões e Romarias
A festa da Nossa Senhora da Piedade, a Padroeira da cidade conhecida como Mãe Soberana, é celebrada em Loulé há quase cinco séculos nos domingos de Páscoa durante 15 dias. A festa da padroeira da terra é considerada a maior manifestação religiosa do culto mariano a Sul de Fátima.
A Festa da Mãe Soberana decorre em dois momentos distintos, no Domingo de Páscoa (Festa Pequena) e passados quinze dias (Festa Grande).
A Festa Pequena (Páscoa) começa pelas 16:30, com a recitação do terço no Santuário de Nossa Senhora da Piedade, seguindo-se, a partir das 17:00, a descida da imagem da Mãe Soberana em procissão para a igreja de S. Francisco, acompanhada pela Banda Filarmónica Artistas de Minerva. A descida da Padroeira é feita em marcha acelerada, uma tradição profana aqui mesclada com a tradição religiosa, uma marcha que não será fácil para quem carrega o pesado andor numa encosta assaz inclinada e aqui fica durante quinze dias para vigília e veneração dos fiéis, que diariamente lhe prestam homenagem.
Durante este período, realizam-se nesta igreja uma serie de missas temáticas que dinamizam e incluem parte da comunidade, mas também outras atividades como concertos em honra de Nossa senhora da Piedade. É uma altura de grande alegria e participação religiosa, aproximando os devotos do transcendente e fazendo-os sentir agraciados pela presença da imagem de Nossa Senhora da Piedade.
A Festa Grande, no terceiro domingo da Pascoa, estendem-se as comemorações ao longo do dia com diferentes momentos de celebração religiosa, terminando com o emotivo regresso da Imagem à ermida do cimo do Cerro da Piedade, em marcha rápida ao som de música criada especificamente para o evento. É o adeus da Padroeira à sua terra e o regresso à sua pequena ermida que, a poente, se ergue sobranceira a toda a cidade.
O fascínio dos louletanos com os homens do andor, oito homens que levam a Mãe em ombros pode ser comprovado em várias homenagens que lhes são prestadas: são patronos de ruas, contam com medalhas de mérito atribuídas pela autarquia e ainda têm uma escultura férrea que lhes é dedicada.
Nem sempre foi assim. No início o andor era bem menos pesado, sendo a nobreza de Loulé destacada para o levar, bastando para isso a força de quatro homens. Com o terramoto de 1755, penoso para todo o Algarve, além da reconstrução da ermida, foi necessária a encomenda de um novo andor. Este pretendia-se com outra robustez, o que, consequentemente, o tornou mais pesado: 360 quilos, mais especificamente, mantendo-se assim até hoje.
Ora, para aguentar a Virgem e o andor, quatro homens já não bastavam. Duplicou-se assim esse número, passariam então a oito. E assim se popularizou este grupo de homens, que sentem um inigualável orgulho quando, no Tempo Pascal, levantam a sua Mãe Soberana para gáudio dos seus conterrâneos.
Ou como nos resumiu, lapidarmente, António Aleixo (1899-1949): «Porque a alma desse povo/Vai dentro daquele andor» ou ainda a citação de Lidia Jorge «Se Deus não existe a Mãe Soberana existe».