Santana, Madeira
Rituais e Costumes
As festas religiosas têm, desde há muito tempo, um grande impacto nas populações, que foram complementando as celebrações, com a componente popular e profana. No nosso Concelho, as festas em honra aos padroeiros das nossas paróquias, bem como as em honra do Senhor Santíssimo Sacramento, têm um forte complemento, que representa um dos grandes atractivos, os Tapetes de Flores, elaborados pela população em homenagem ao santo de cada localidade, no Domingo, aquando da procissão.
Este é um costume que, desde pelo menos os anos 60, tem se enraizado nas várias gerações, envolvendo um grande número de pessoas, fazendo já parte das tradições das festas de verão.
Faz parte da tradição da festa, o caminho por onde passará a procissão ser enfeitado com flores, de várias cores, compondo os belos tapetes naturais.
Ao longo dos anos, os paroquianos foram-se envolvendo cada vez mais, aprimorando os tapetes com a criação de moldes para auxiliar na disposição das flores, criando diversos padrões, como com a plantação de flores especificamente para serem utilizadas para este fim.
Nas vésperas, pessoas de todas as idades recolhem as flores da época e no próprio dia, horas antes da procissão, é elaborado o tapete para que passe o pároco e o santo. De forma a garantir que todo o percurso fique ornamentado, cada sítio fica responsável pela execução de uma parte do tapete.
A preparação das flores e das verduras exigem algum trabalho e as mãos de muitos colaboradores. Nas noites que antecedem o dia da execução do tapete, apanham-se as verduras (urze, bucho, alecrim, cedro, entre outras) e com a ajuda de ferramentas de corte, pica-se de modo a obter o verde, que servirá de base para o tapete. As flores, que darão o colorido ao tapete, em tempos, eram muitas delas colhidas nas bermas das estradas e pedidas aos vizinhos. Hoje em dia, são várias as famílias que passaram a dedicar-se à sementeira e plantação de determinadas variedades de flores (por ex.: dálias) especificamente para embelezar o tapete.
No domingo da festa, logo pela manhã, organizam-se os grupos de cada sítio, com as verduras preparadas, as flores colhidas nas caixas separadas por cor, os diversos moldes, bem como outros objectos, com o intuito de tornar os tapetes mais criativos e atractivos que conseguirem. A vontade de impressionar os visitantes foi aguçando a criatividade de cada um, dando origem a uma competição, saudável, entre os sítios, para ver qual receberá os melhores elogios. Terminada a procissão, a população recolhe os galhos de alecrim, que segundo a sabedoria popular, foram abençoados e serão símbolos de protecção e boa sorte ao longo do ano e as flores, são também por alguns, recolhidas para lançar sobre as árvores de fruto, que garantirão uma maior produção.