Lajes do Pico, Açores
Artesanato
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Com a baleação sedentária e estacional nas ilhas, a partir de meados do séc. XIX, o osso mandibular e o marfim de cachalote passaram a fazer parte do quotidiano das gentes, como matéria-prima para o fabrico de utensílios e artefactos de cariz utilitário e funcional.
Com o fim da caça à baleia, a memória da baleação estimulou a produção de objetos decorativos e de adorno, com fins comerciais, usando já técnicas e processos de execução que permitem um elevado aperfeiçoamento estético e artístico, com assinalável valor simbólico, cultural e patrimonial.
Ao longo das últimas décadas, milhares de peças, de grande valor artístico e documental, saíram dos Açores, adquiridas por museus internacionais, colecionadores nacionais e estrangeiros e turistas do mundo inteiro.
Esta arte baleeira, na sua profunda singularidade, deve ser entendida como uma imagem de marca da nossa inventiva artística, da nossa especificidade cultural e da nossa identidade associada às memórias e ao imaginário profundos da terra e do mar.
Esta magnífica, espetacular e única expressão artística, produzida hoje à escala mundial, agasalha um gesto antigo e um modo de vida ancestral. Faz parte de uma cultura de tradição, resistente, com que vamos reinventando os sonhos e as utopias do grande mar que nos fecunda a vida há mais de cinco séculos.
As Lajes do Pico são, na atualidade, o único centro de produção deste fascinante artesanato, com reputação e prestígio mundiais. Uma espécie de derradeiro santuário desta forma sublime de criação artística e artesanal. De um artesanato que recusando a clausura da tradição se abre, criativamente, à modernidade e à inovação. Que nos devolve, pela grande qualidade artística, e pela dimensão mágico-simbólica de que se reveste, ecos e ressonâncias de um tempo fundo, espesso e universal, onde a memória e a saudade nostálgica e romântica se entrelaçam nos fios de uma ilha e de uma terra que teimam em ser diferentes e únicas à escala global.