Ponta Delgada, Açores
Procissões e Romarias
Esta tricentenária procissão, considerada a maior da Europa e a segunda maior do Mundo, é a mais antiga devoção realizada em Portugal.
A primeira procissão ocorreu a 11 de abril de 1700, num domingo de nuvens carregadas que se dissiparam mal a Imagem de “ECCE HOMO” saiu do Santuário. Madre Teresa, reconhecida por ter trazido a Imagem à luz do dia, foi a sua maior devota e responsável por toda a fé que ao Senhor Santo Cristo dos Milagres se pratica. Foi sempre desejo desta religiosa, de raros dotes morais e de reconhecida elevação da alma, ver sair o Senhor em procissão. Esta manifestação de fé e gratidão acontece há quase 320 anos.
A procissão começa com a saída do Guião, às 15h45. É às 16h30 que a Veneranda Imagem aparece à porta do Santuário, momento de grande comoção a que tantos assistem e a que se junta o repicar dos sinos da Igreja e o estalar dos foguetes que anunciam: “Eis o Homem”.
Por onde passa, todos se viram para Ele. Agradecem, imploram, emocionam-se. Lágrimas em tantos rostos revelam uma devoção sem paralelo.
As ruas da cidade de Ponta Delgada transformam-se em jardins com os seus magníficos tapetes de flores acompanhadas pelas varandas engalanadas pelas mais ricas e belas colchas de cada casa.
A procissão dura mais de cinco horas e percorre, sob o olhar atento de um sem fim de povo, as principais ruas da cidade, marcando passagem pelas Igrejas e Conventos, designadamente, Convento de São Francisco, Convento de Nossa Senhora da Graça, Convento de São João, Convento de Santo André, a Igreja de Todos os Santos do Colégio dos Jesuítas e o Convento de Nossa Senhora da Conceição.
Nesta grande marcha de fé, integram as mais diversas entidades divididas entre os cortejos profano e o religioso. No profano, temos o Presidente do Governo Regional dos Açores e demais membros do seu Governo, o Representante da República, Comandos Aéreo, Militar e Marítimo, Forças de Segurança, Câmaras Municipais, Corpo Consular, Poder Judicial, Ordens Civis, Órgãos Universitários, Corpo de Escutas, Associações de Bombeiros Voluntários e Bandas de Música. No cortejo religioso temos as Opas, os Anjos, o Clero, Irmandades, Grupos de Romeiros, Congregações Religiosas, Ordens Religiosas, as Promessas e o andor forrado de flores com “ECCE HOMO” carregado aos ombros.
No final da caminhada de oração do Povo de Deus, a Imagem, na sua chegada ao Santuário, é posta no centro do adro, de frente para os seus devotos, que vão passando à Sua frente, prestando uma última homenagem, suplicando por um último milagre, vertendo uma última lágrima de dor, agradecendo uma graça por Ele atendida.
Finalmente, é hora do recolher da Imagem, sendo o andor colocado aos ombros dos membros da irmandade. Ainda antes, dá-se mais um solene momento quando o grupo de jovens universitários estende as suas capas negras para que o Senhor os abençoe na sua passagem. Ao grande portão chegado, o andor vira-se uma última vez para o seu povo e assim entra pela Porta Regral.