Funchal, Madeira

Artesanato

Bordado da Madeira
Embaixador da expressão cultural da Madeira no Mundo, desde 1850
Faz parte de nós!!!
Considerados dos mais belos, os Bordados da Madeira que chegaram até hoje, à semelhança da paisagem que caracteriza a ilha, um autêntico jardim onde nenhum recanto é subaproveitado, são fruto de diversas gerações, neste caso de desenhadores, que ao longo dos tempos souberam adequar as tendências vindas do exterior e ajustá-las à forma de percecionar a realidade no Arquipélago da Madeira. Esta capacidade inata, felizmente, encontrou paralelo na forma como as Bordadeiras executam com perfeição o bordado, todo ele feito à mão.
Essencialmente executados sobre o linho, o algodão e a seda, o Bordado da Madeira, vasto nos seus motivos florais e noutros, apresenta-se sempre em composições ricas e delicadas, de contrastes em alto e baixo-relevo. O seu processo de produção é protegido por lei desde 1935, e a certificação que os mesmos gozaram, a partir de 1938, permitiu que mantivessem a sua genuinidade, tipicidade e qualidade.
Com origens humildes que podem ser rastreadas ao seio das lavouras do lar madeirense, feitas em ponto corda, atrás, caseado, cordão e arrendados, numa laçada feita cada vez mais cadenciada e firme, que embelezava as barras para lençóis e camisas, outras peças e outros pontos foram surgindo e, nas suas arcas, tesouros foram sendo guardados.
Com muito deste seu passado ainda por dar a conhecer, é assente que foi o reconhecimento da sua qualidade e da sua perfeição aquando da exposição realizada no Palácio de São Lourenço no Funchal, por volta de 1850 e consequente participação na Exposição Universal que o mundo tomou conhecimento da inata aptidão das mulheres madeirenses para a exímia execução destes bordados.
O ex-libris que hoje conhecemos: companheiro imprescindível nas casas reais europeias e do Medio Oriente como das mansões das celebridades ou tesouro do lar comum, percorreu um longo caminho desde que se tornou o tesouro que o mundo passou a conhecer após a Exposição Universal de Londres, em 1851.
A bordadeira madeirense, sempre com a capacidade de incorporar e embelecer os seus trabalhos com as tendências que chegavam, ao centro cosmopolita que o Funchal se havia tornado, e com o contributo dos desenhadores criadores das fábricas de bordado, que então se sediaram neste arquipélago, num dialogo constante em linguagem própria entre ambos criados, permitiu que o bordado da Madeira evolui-se para esta maravilha que hoje conhecemos, com ricas tendências absorvidas das rendas de Inglaterra, Milão, Burano e Bruges ou a riqueza do Richelieu, Veneziano e Renascença, em que o vazio dos recortes faz ressaltar a beleza das figuras contornadas num ponto firme e sábio. Sendo, no passado recente, matéria-prima do trabalho de designers como: Renata Benichou, Vera Marghab, Filipe Físca e Jeff Garner, entre outros.
O Bordado da Madeira, em troca, propiciou: às mulheres bordadeiras, desde muito cedo, a sua emancipação financeira no lar, a sua proteção social na doença, trabalho e reforma; Ao Arquipélago e a Portugal um embaixador de qualidade e requinte reconhecido a nível global, sendo pioneiro ao ser dos primeiros têxteis a usufruir de um sistema de certificação e autenticação (1938), dos primeiros a usufruir de registo de Denominação de Origem a nível nacional e dos primeiros a estabelecer um regime de trabalho ao domicílio.

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