Torres Novas, Santarém

Festas e Feiras

A Festa da Bênção do Gado retoma uma tradição rural cuja origem se perde na memória dos tempos e revela a marca identificadora desta terra, das suas gentes e das suas raízes.

Em honra de S. Silvestre, patrono dos lavradores, dos campos e protetor dos animais, no início do século passado, a Festa ainda se realizava todos ou quase todos os anos, normalmente no mês de junho (algumas realizaram-se em maio, outras em julho), antes das colheitas de verão, tendo perdido a sua regularidade a partir da década de 30, passando a realizar-se apenas em anos de exceção, para celebrar momentos altos da terra ou quando se juntavam vontades à volta da entidade organizadora, a Sociedade dos Cingeleiros, organização de socorros mútuos dos lavradores e criadores de gado riachenses e, esta entendia ser oportuno a sua realização.

1905, 1908, 1909, 1923, 1925, 1926, 1927, 1928, 1929, 1930, 1931 e 1935 são datas que se conhecem.
Coincidindo com a inauguração da luz elétrica na então aldeia e com a inauguração da Casa do Povo (instituição) em 1937, realizou-se, sob um figurino renovado e abrangente, aquela que foi considerada a primeira Grande Festa da Bênção do Gado, voltando a repetir-se o sucesso só após 16 anos, em 1953. Depois, em 1966, 1973, 1985 e 1993. Com a fundação da Bênção do Gado Associação Cultural, em janeiro de 2000, criou-se uma nova estrutura para a organização da Festa e foi-lhe dado um novo impulso, passando a Grande Festa a realizar-se de 4 em 4 anos. Sendo de realçar os resultados muito positivos na Festa de 2000. Êxito que veio a repetir-se nas edições de 2004, 2008 e 2012.

Um dos momentos mais importantes da Festa, desde a edição de 1966, é a procissão do Senhor Jesus dos Lavradores. Foi desde esse ano que a Festa da Bênção do Gado passou a integrar a Imagem do Senhor Jesus, que segundo a Lenda, terá sido encontrada na Idade Média por um grupo de lavradores riachenses. Estes com a sua junta de bois lavrava a terra nos campos do Espargal, junto dos Casais de Riachos, por nessa altura não existir igreja em Riachos a imagem foi levada para Torres Novas, onde ainda hoje se encontra, na Igreja de Santiago, à guarda da Misericórdia de Torres Novas e que visita Riachos de 4 em 4 anos durante a Festa da Bênção do Gado, fazendo-se uma procissão com tratores de Torres Novas a Riachos e ficando a imagem em exposição para devoção.

Ruas engalanadas é também uma das marcas diferenciadoras do evento, que ganhou força a partir de 2012, onde foi feita uma aposta das pinturais murais por toda a vila com a etnografia da Vila. Mas o momento mais alto da Festa é o grandioso Cortejo da Bênção do Gado. O Cortejo é a imagem de marca da Festa. Este cortejo acontecia para que os agricultores de Riachos pudessem benzer os seus animais e assim protegê-los de maleitas que os invalidasse para a época agrícola pondo em risco o sustento das famílias. Hoje em dia, com menos agricultores e muito menos animais, o cortejo é feito igualmente com passagem junto à igreja de Riachos onde o Pároco faz a bênção e junta-se ao cortejo, tratores, máquinas agrícolas, associações e empresas da vila para que possam ser benzidos.

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