Reguengos de Monsaraz, Évora

Artefactos

O fabrico da manta alentejana nos teares manobrados pelas talentosas tecedeiras eterniza os padrões de origem árabe, reproduzindo as mais vivas cores dos campos primaveris da região. As peças de vestuário em pura lã de ovelha, bem como o capote, o pelico e os safões são a resposta eficaz do homem do campo à agressividade das gélidas madrugadas de inverno.
As mantas alentejanas começaram por ser utilizadas pelos pastores para se protegerem do frio, mas hoje em dia são utilizadas como tapetes, cortinados, colchas e tapeçarias decorativas. Esta arte, símbolo da cultura alentejana e da autenticidade que a distingue, resulta num produto nobre que delicia os amantes do artesanato e tradições de Reguengos de Monsaraz.
As Mantas de Reguengos são um património obrigatório a conhecer por quem nos visita, não apenas no seu produto final, mas também nos métodos e etapas de fabrico que as tornam tão nobres e genuínas.
Historicamente, as mantas são um dos verdadeiros símbolos vivos da nossa história contemporânea, albergando em si valores vividos por sucessivas gerações de reguenguenses na construção de uma indústria com raízes predominantemente locais, mas que souberam atingir uma projecção nacional e internacional ímpar na nossa história. A prova inequívoca da sua qualidade, foram as medalhas de ouro que as mantas de Reguengos obtiveram na Exposição Industrial de Lisboa, em 1932, e na Exposição Universal e Internacional de Bruxelas, em 1958. Mas esta qualidade do artesanato laneiro verificou-se na nossa região porque encontrou, sobretudo, em Reguengos de Monsaraz, um ambiente social e económico propício ao seu desenvolvimento. Terra de propriedades, de pastoreio, de gado, de pastores, as mantas eram, principalmente para estes, um instrumento indispensável nas suas viagens com os rebanhos. Por isso, os modelos primitivos eram simples e pouco decorativos, onde imperavam as cores naturais, sem grandes preocupações de adorno ou de estilização. Relembrar aqui a origem e o desenvolvimento das mantas reguenguenses é notabilizar pessoas como António Rosado Durão, José Rosa, Manuel da Rosa Rosado Paixão e, mais recentemente, Mizette Nielsen, que, audaciosamente, resistiram às dificuldades e souberam erguer, redimensionar e projectar pequenas oficinas caseiras de operários humildes em indústrias de lanifícios, onde as mantas de viagem, os cobertores, as saragoças, as mesclas e os alforges foram peças que prestigiaram a cidade de Reguengos de Monsaraz e enriqueceram veementemente o nosso artesanato.

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