Nisa, Portalegre

Artesanato

Este processo divide-se em várias fases, cada uma delas composta por procedimentos mais ou menos complexos.
Na composição da pasta utilizada na Olaria de Nisa entram três espécies de barro: o branco, o preto e o vermelho (este último apenas utilizado para dar cor à peça), todos eles apanhados no concelho, exceto o vermelho, que vem de Arronches.

Preparação

Utilizam-se duas partes de Barro Branco para uma de Barro Preto. Os barros são postos a derregar num barreiro, depois misturados com mais água, obtendo-se assim uma pasta semilíquida. De seguida, passa-se para outro barreiro (tanque) através de um crivo de arame que lhe retira as impurezas, ficando mais três dias.
É amassado e fica no barreiro durante três dias, para enxugar. É aventado á parede em pequenas quantidades, conhecidas popularmente por pélas, para que a parede absorva o excesso de humidade. É transferida para a atoquina, onde é sovada pelas mãos do oleiro.

Modelagem

Nesta fase o barro passa para roda. A roda tradicional é movida pela força exercida através de um do pé do oleiro. Hoje, também é utilizada a roda elétrica. O oleiro sobre a atoquina- espécie de mesa – e um barranhão – recipiente de barro com água- onde o oleiro vai molhando as mãos. Depois da peça moldada, mas ainda na roda, o oleiro utiliza a aplanata – pedaço de feltro – e uma cana para a aperfeiçoar.
É retirada da roda através de um arame fino ou linha presa a um pau. Segue para o enxugo – exposta a local com sol para secar- para de seguida levar o banho de barro vermelho e secar. Para preparar a tinta do tingimento, o oleiro dissolve o barro vermelho em água durante algumas horas, passando de seguida por uma peneira de seda que o livra de impurezas. As peças são submersas nessa “tinta” ou cobertas da mesma através da aplanata.

Decoração

Sempre levada a cabo por experientes e delicadas mãos femininas, é sem dúvida a técnica da decoração empedrada das peças que lhe confere um verdadeiro cunho artístico e original.
A pedra branca utilizada na decoração é um quartzo leitoso, que se vai buscar á vizinha Serra de S. Miguel. É necessário cozê-lo no forno, tornando a pedra mais friável, facilitando assim a sua trituração e moagem. Com a ajuda de um paralelepípedo de granito, é partido sobre uma laje, e divididas em três tipos e de calibre: pedra de 1ª, 2ª e de 3ª, depois de passarem por vários crivos.

Para fazer o risco é utilizada a agulha de coser, dedais e casquilhos de lâmpadas, é este desenho que dita em grande parte a qualidade artística do produto final. De seguida são encrustadas as pedrinhas, ao longo do risco com a parte mais pontiaguda para dentro. Após a peça totalmente pedrada, é então preenchido o interior de alguns desenhos ou motivos, com um reticulado inciso, feito com a agulha. Muitas vezes é mesmo desenhado um segundo risco à volta dos motivos.

Em termos decorativos, destacam-se os motivos vegetais, sob a forma de folhas, flores e frutos. Para além dos incrustados, surgem motivos incisos, como a espiga ou elementos reticulados.
As “aranhas” são formadas por conjuntos de três pedrinhas dispostas em triângulo, sendo as patas representadas por incisões no barro.

Cozedura

Atualmente, os oleiros em Nisa utilizam o forno a gás. Todos os oleiros concordam com as vantagens deste forno em detrimento do tradicional, entre as quais a de não ser preciso supervisionar a cozedura. A loiça é cozida a 800/900ºC.

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