Miranda do Douro, Bragança
Músicas e Danças
Esta candidatura tem o apoio da Junta de Freguesia de Palaçoulos e da Mirandum, Associação Cultural.
A dança dos Pauliteiros é um dos elementos identitários de Miranda do Douro. Os Pauliteiros são grupos compostos, habitualmente, por homens (8) que executam uma dança complexa batendo com “paus” uns nos outros.
Estes homens dançam ao som da gaita-de-foles, do bombo e da caixa e por vezes são também acompanhados por um tamborileiro que toca em simultâneo uma flauta pastoril e um tamboril. O reportório musical da dança dos paus chama-se lhaços, e é constituído pela música, texto e coreografia. As atuações são, normalmente, feitas em crescendo iniciando-se com o lhaço 25 (para partir os paus), a Bicha (em que se utilizam exclusivamente as castanholas) e o Salto do Castelo (na qual um pauliteiro salta por cima de uma torre humana). O abraço entre os participantes no final é também um dos rituais a cumprir.
A origem desta dança não reúne consenso pensa-se que terá nascido durante a idade do ferro, na Transilvânia, espalhando-se posteriormente pela Europa. O que é facto é que subsiste até aos dias de hoje no concelho de Miranda do Douro, mantendo as caraterísticas identitárias que a diferenciam de outras manifestações do folclore nacional. Fruto também da persistência das gentes locais, que orgulhosas desta dança tradicional souberam criar as condições para manter vivos os grupos destes dançarinos, que munidos de paus e castanholas exibem as suas coreografias a fazer lembrar rituais de origem guerreira.
Strabão, refere que era com este tipo de danças nas quais as espadas eram substituídas por paus de 45 cm que certos povos que habitaram na península no século III se preparavam para os combates. Alguns autores, tal como o Abade de Baçal, defendem que a sua origem se deve à clássica dança pírrica guerreira de origem Helénica e que teriam sido os Romanos os responsáveis pela sua introdução na Península Ibérica. José Leite de Vasconcellos contrapõe essa teoria dizendo que as danças dos Romanos em nada se assemelham à dança pírrica clássica.
Posteriormente, os povos conservaram estas danças para celebrarem a recolha dos frutos e dos cereais, assim como a passagem dos solstícios de Verão e Inverno. A evolução da dança, parece ter muitas semelhanças com as danças pírricas tais como: perseguição, luta, saltos e a dança da vitória. Algumas das mais famosas danças retratam bem isso como seja o Salto do Castelo (saltos) e o Vinte Cinco de Roda (dança da vitória), entre outras.
O próprio traje alude a esse passado militar: O chapéu decorado representa o capacete militar. O colete trabalhado e a camisa que imitam a armadura. A saia, os lenços, as meias altas em lã pura e as botas em pele, fazem referência a essa época. É um traje muito peculiar não encontrando similar em território nacional.
Ainda no que respeita à origem da dança, António Tiza aponta para a interligação entre as diferentes “teses”, o autor diz-nos que as danças pírricas terão chegado à Península com os Celtas, disseminaram-se pelas tribos de Celtiberos, e depois com os Romanos. De dança pagã passaram a ser acolhidas e admiradas pela igreja, facto explicado pelo forte enraizamento que tinham.