Caminha, Viana do Castelo

Procissões e Romarias

A Serra d’Arga representa uma cadeia montanhosa situada entre o rio Minho e Lima sendo o ponto de convergência dos concelhos de Caminha, Vila Nova de Cerveira, Viana do Castelo, Ponte de Lima e Paredes de Coura, constituída por rochas escarpadas desfrutando de uma panorâmica privilegiada sobre o curso final do rio Minho.
Local de excelentes pastagens, ao qual o seu nome se deve, constituída pelas três chãs ou agras: Arga de Cima, Arga de Baixo e Arga de São João. Nesta última é onde tem lugar a romaria de São João d’Arga, todos os anos nos dias 28 e 29 de agosto, no mosteiro e capela com o nome do seu patrono – São João Baptista.

Esta montanha possui um caráter genuíno e telúrico do modo de vida dos seus habitantes, hoje muito presente em momentos de festa – no colorido dos seus trajes e na alegria das danças e cantares tradicionais – cujo valor cultural é inequívoco.
A Romaria de São João d’Arga realiza-se anualmente, desde há vários séculos, no Santuário de São João d’Arga, local onde se encontra a capela com o mesmo nome.

Esta é conhecida, principalmente, pelas suas danças e cantares e pela beleza típica dos trajes coloridos das suas romeiras, caraterísticos do Alto Minho. Nela encontramos a riqueza das danças como o Vira, a Rosinha, o Malhão, a Góta da Serra d’Arga, a Cana-verde, a Tirana, etc., num encontro espontâneo de grupos de tocadores de concertinas, cantadores e dançarinos aos quais se juntam os romeiros no adro da capela.

Assistimos à chegada de grupos – as rusgas – oriundos do concelho de Caminha, dos concelhos vizinhos assim como de diversos pontos do país e da Galiza e que outrora percorriam caminhos da serra descalços. Juntam-se romeiros e peregrinos ao som de concertinas, cantando e dançando, onde não dispensam o merendeiro para prestar homenagem ao patrono de Arga de São João e dando início à caminhada na tarde de 28 de agosto.

No trajeto há uma paragem obrigatória junto do penedo dos namorados, onde os solteiros atiram uma pedra ao penedo e se ela lá ficar é sinal de que casará no ano seguinte. Chegados ao recinto da romaria, após um longo caminho, é ritual imprescindível dar três voltas à capela, a pé ou de joelhos, conforme a promessa feita, seguida pela entrada na capela para beijar o Santo e deixar duas esmolas, uma ao santo (São João Baptista) e outra ao diabo, uma tradição que muitos romeiros ainda mantêm.
A ladear a capela encontram-se os quartéis construídos para abrigo dos romeiros ou peregrinos que acorriam à festa cansados do bailarico que continua pela noite dentro.

Na parte inferior dos quartéis encontram-se instaladas as tascas que oferecem as iguarias confecionadas pelas mãos dos seus habitantes. Falamos do saboroso prato de sarapatel (confecionado com miúdos, tripas e bucho de cabrito), o cabrito à moda da Serra d’Arga, servido já por tradição no dia 27 de agosto e o arroz doce. No final rega-se tudo com ‘chiripiti’ (bebida de bagaço com mel extraído da serra).

A romaria tem início no dia 28 de manhã com as celebrações religiosas. Às 10 horas entra a banda de música no recinto, seguindo-se a eucaristia e sermão. À tarde a procissão segue, na frente o guião, ladeado por lanternas, as irmandades e respetivos pendões e os dois andores com fitas de seda e grinaldas. Primeiro o de Santo Aginha e depois o de São João Batista. Seguem-se os penitentes, os “amortalhados”, o pálio, as duas bandas e o povo.
Na noite de 28 para 29, assiste-se ao despique das bandas de música que, energicamente, tocam com alegria e euforia, interagindo com os romeiros que as acompanham cantando os mais diversos estilos musicais.

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