Gouveia, Guarda

Procissões e Romarias

A Nossa Senhora da Assedace é a protetora dos pastores e do gado da Serra da Estrela, por excelência. É ainda a prova viva da memória popular em relação aos lugares, que povoam o imaginário de uma comunidade, durante séculos, sobrevivendo em rituais, como a romaria, e em lendas, como a da própria capela da Nossa Senhora da Assedace.

Deste lugar isolado na serra (935m), sabemos que foi habitado desde os alvores da nacionalidade. Nas informações paroquiais de 1721 sobre Folgosinho, é descrito pelo vigário “ (…) acha se distancia de huma legoa no meio da Serra da Estrela, que tem em si huma imagem de N Senhora, onde hoje chamam N Sra da Sedarça,(…); a fundação desta Capella he mto antiga, porque hoje se acha nella pia de baptizar e huns vestígios junto da mesma Capella que mostram sinaes de povoaçam mto antigua, e onde hoje, dis o vulgo, esta huma rua que chamavam de Ferraria, e fica esta Capella próxima do Rio mondego hum tiro de pedra(…).”

O Frei Agostinho de Santa Maria diz que a Sedarça foi edificada primeiro que Folgosinho. Os habitantes, após uma enfadonha guerra contra as formigas, foram para Folgosinho viver, porém, mantiveram as suas terras e casais nesse local, e mantêm os direitos e a própria terra neste amplo vale serrano, apesar da distância.

Referindo-se às ruinas e às ruas ainda reconhecíveis e mantidas “pela frequência com que vão (os Folgosinhenses) a este lugar.” Continua informando que “nestas antigas ruínas se encontra íleso o Santuário e Casa da Senhora de Sedarça, título tomado da mesma povoação de que ela era a padroeira.”
Nas inquirições de D. Dinis, de 1285, quando se descreve o julgado de Folgosinho é mencionado a aldeya que chamam de Cedarça, no termo de Folgosinho.

Assim, esta relação entre a Serra, as suas gentes e a sua fé mantém-se hoje intacta, com grupos de Folgosinho, Videmonte, Manteigas, etc, a pernoitarem do 7 para o 8 de Setembro para assistir à romaria e procissão.
Tradicionalmente, de Folgosinho, o percurso inicia-se em Folgosinho, subindo a calçada romana dos Galhardos (Imóvel de Interesse Público), iniciando a descida na portela até ao cruzeiro da Assedace, chegando entretanto à capela, onde se dá início às celebrações, conduzidas pelo pároco de Folgosinho e onde participam os populares e o Rancho Cancioneiro de Folgosinho, a par de outras atividades civis e culturais, onde os momentos altos são a missa e a procissão num meio ambiente único e genuinamente serrano.

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