Monção, Viana do Castelo

Músicas e Danças

O Vira do Alto Minho é dançado em toda a região, não sendo específico de uma parcela em concreto. Ao comando de um marcador, todos os alto-minhotos, de imediato e espontaneamente, dançam sobre a mesma coreografia, como se tivesse sido ensaiado. Ainda nos dias de hoje, em algumas das principais romarias, se podem observar estas danças de improviso, nomeadamente, nas romarias de São João D’Arga e da Senhora da Peneda. Os Grupos Folclóricos têm a função de dar vida este património imaterial, que passou de geração em geração e ainda nos dias de hoje se mantém vivo .
O vira é dançado com diferentes músicas e letras; no entanto, a coreografia da dança é transversal a todo o Alto Minho, podendo haver ligeiras variações, sobretudo, em face (do que é atribuído pelo) das decisões do marcador. Segundo Tomás Ribas in “Danças Populares Portuguesas”, “Gota, Vira Minhoto, Vira Velho, Vira de Santa Marta, entre outras danças, enquadram-se no padrão geral ― musical e coreográfico ― do «Vira», distinguindo-se, porém, umas das outras, por leves e muito subtis diferenças rítmicas e de esquema coreográfico e, até, por uma certa «maneira» de os bailar.”
A propósito do anteriormente exposto, citamos Pedro Homem de Mello (in “Danças de um Povo”):
“Afirmam certas pessoas, ao referir-se ao Vira, que é fácil. Tal frase, no entanto, exprime bem mais pobreza de conhecimentos da parte de quem a pronuncia do que a inferioridade de arte popular. Há, de facto, quem julgue a técnica da coreografia pela mera execução dos passos. Ora, acontece, precisamente, que estes surgem como corolário da figura em que aos braços, aos cotovelos e aos ombros cabe papel preponderante. Desse modo, se tivéssemos que dar a palavra, por ordem de categoria, aos diversos elementos do corpo, os últimos a declarar-se deveriam ser os pés-amarras que prendem ao solo os que simulam afastar-se dele. Estátuas volantes, os bailadores rodopiam, dando a impressão, por vezes, de agitar as ancas e os braços, quando, no final de contas, uns e outros mal se movem. Onde o ceptro lhe assiste é no Vira, sobretudo quando, terminado o «picadinho», o bailador ladeia, sincopadamente, para a direita, caindo, de súbito, para trás, ao fim do quarto passo. Depois, erguendo-se sobre o pé da frente, dá, em sentido contrário, uma volta inteira, levantando o braço esquerdo, o que auxilia a elevação.’”
Normalmente, o Vira dança-se aos grupos de quatro pessoas, isto é, de dois pares; mas também pode ser dançado em filas paralelas de quatro, seis, oito, dez ou mais pares. Estes colocam-se frente a frente, braços erguidos ao alto, virados para o mesmo lado e os dedos, como castanhetas, para marcarem o estalado. Ao primeiro passo, rodam na mesma direção; os pares rodopiam, voltando sem alterar o andamento; depois, os pares, em grupos de dois, colocam-se ao centro, enfrentam-se, recuam, voltam ao meio, e , em volta cerrada, ombro a ombro, cruzam-se e trocam de lugares. (Tomás Ribas, Danças do povo português).
Era assim, e ainda hoje é assim que, no Alto Minho toda a gente dança o Vira.

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