Covilhã, Castelo Branco
Festas e Feiras
A Feira de São Tiago é uma das mais antigas da Península Ibérica. Realiza-se na Covilhã há 608 anos, sendo a edição deste ano a 609º.
Foi D. Afonso III, por carta régia de 1260 que ficou a constituir a carta tipo das feiras medievais portuguesas, que concedeu à Covilhã o privilégio de ter sido das primeiras vilas do reino a ter direito a fazer feira anual nos seus domínios. Mas é já no reinado de D. João I que vamos encontrar a cédula de nascimento da Feira de S. Tiago, que tinha o seu dia festivo a 25 de Julho. É concretamente a 27 de Maio de 1411 que, por carta outorgada por D. João I, este concede à Covilhã uma feira franqueada anual, com a duração de vinte dias pelo S. Tiago, devendo começar dez dias antes e acabar dez dias depois da festa do santo apóstolo.
A feira começou por ter lugar no adro da antiga Igreja de S. Tiago, onde se transacionavam os panos de lã meirinha, os fiados de seda, de algodão, de lã, e de linho; os buréis e as mantas; os panos baixos e grossos. A par destes artigos da indústria de lã, e de outros que a ela afluíam vindos de outras paragens como as vergas, os vimes ou a olaria, havia um produto caraterístico da época, muito comercializado nesta feira – o queijo picante, ou queijo queimoso, como vulgarmente é chamado. Este produto comercializava-se ali em tal quantidade, que há citações referentes à Feira de S. Tiago como a feira do queijo.
É por volta de 1870 que a Feira começou a sofrer alterações. Demolida a Igreja de S. Tiago, em 1875, a feira foi transferida para o Largo D. Maria Pia, onde se situa atualmente o jardim público. Foi neste local que se manteve durante décadas, sempre a crescer e a dar nome à “notável vila da Covilhã, uma das vilas mais importantes do reino pela sua população e riqueza”.
Mais tarde, por volta do final dos anos 30 do século XX, a feira tinha atingido um desenvolvimento tal, que o Largo D. Maria Pia começou a ser pequeno para todos os feirantes que disputavam o seu espaço. Assim, a feira foi transferida para o antigo campo de futebol, posteriormente chamado “campo das festas”, onde a feira conheceu o seu maior fulgor.
O auge da feira seria atingido quando, conjuntamente com a Feira de S. Tiago, se fez no jardim e Avenida Frei Heitor Pinto, a feira popular do Sporting Clube da Covilhã. Foram anos inesquecíveis em que a cidade recebeu as maiores estrelas do fado e da canção nacionais, tendo ficado na memória de todos um célebre concerto de Amália Rodrigues.
Os mais antigos recordam com saudade o tanque dos gasolinos, o primeiro carrossel, os primeiros aviões, a primeira pista de carrinhos elétricos e as afamadas farturas. Na época, os vinte dias da Feira eram o grande acontecimento social dos covilhanenses, que transformavam a Feira num autêntico picadeiro.
Entretanto, a Feira foi perdendo força. Nos anos 80 foi para os terrenos do Parque Industrial, e mais tarde, associou-se à Covifeira – Feira Agrícola, Comercial e Industrial da Covilhã. Nos anos 90, o Município da Covilhã apostou no retomar desta tradicional Feira multisecular deslocando-a para o novo Complexo Desportivo, onde se realiza ainda hoje.
A Feira de São Tiago continua a ser o grande ponto de encontro dos covilhanenses e de todos os que, ano após ano, se deslocam de toda a região para a principal Feira da Beira Interior.