Alenquer, Lisboa

Festas e Feiras

As Festas do Império do Divino Espírito Santo foram instituídas em Alenquer pela Rainha Santa Isabel e seu marido, o rei D. Dinis, em 1321.
Daqui, rapidamente se espalharam, vindo a abranger quase todo o território português continental e insular, com especial destaque para os Açores, atingindo o Brasil e diversas possessões em África e na Índia, e, através de várias comunidades de emigrantes, também os Estados Unidos da América e o Canadá.
E assim, mais ou menos adaptadas à dinâmica de cada local, as Festas do Espírito Santo transformaram-se num património do mundo.
Em Alenquer, e após longa interrupção, a recuperação material dos edifícios da antiga Casa do Espírito Santo (Igreja e Arcada), propriedade atual da Santa Casa da Misericórdia local, veio possibilitar a restauração das antiquíssimas Festas do Império com a dignidade que lhes era devida.
As renovadas Festas surgiram, assim, em 2007, resultado do trabalho de uma comissão organizadora composta pelas Paróquias, Misericórdia e Câmara Municipal de Alenquer.
Mas a intenção subjacente não foi, nem simplesmente a de recuperar e reconstituir historicamente as Festas do passado, como manifestação de tipo folclórico, nem torná-las um evento especificamente religioso, exclusivo da Igreja.
Procurou-se, isso sim, captar a essência das antigas Festas e concretizá-las em adequação com o presente.
Logo no Domingo de Páscoa, é a Procissão das Insígnias – a coroa e a bandeira – que assinala solenemente o começo das Festas. Na véspera do Pentecostes, a Procissão da Luz ilumina a noite alenquerense, enchendo de beleza as pitorescas ruelas da vila – expressão, afinal, da luz e da beleza do Espírito – e culminando com a celebração da Vigília de Pentecostes. No Domingo de Pentecostes, à Missa segue-se a tradicional Procissão do Espírito Santo que, desembocando justamente no Largo do Espírito Santo, aí termina com o grande Bodo.
No passado era o Bodo oferecido aos pobres. Hoje é o Bodo oferecido à população inteira e, bem assim, aos forasteiros, suscitando o convívio fraterno próprio de uma refeição, capaz de superar as diferenças de raças, de convicções políticas, de condições sociais, de níveis culturais, e mesmo de credos religiosos, transformando as diferenças em riqueza de diversidade.
A sopa de carne, acompanhada pelo pão e pelo vinho, é a base do Bodo das Festas do Império do Divino Espírito Santo de Alenquer.
O Bodo encontrava-se entre os deveres instituídos no primeiro compromisso da Casa do Espírito Santo de Alenquer, que nos remete para o século XIII.
Era constituído por carne de toiro, cozida em água e vinagre, e pão, solenemente benzidos. Depois da instituição da Festa do Império, pela rainha Santa Isabel e seu marido, o rei D. Dinis, em 1321, era costume matar-se sete toiros, ou, quando vinham os reis assistir à Festa, dez ou doze.
Há, inclusive, registos de milagres relacionados com a cozedura desta carne.

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